A importância da Bacia Amazônica e sua preservação

 

Entenda o porquê de essa bacia ser considerada tão importante. Domitila Pascoaloto, Doutora e Pesquisadora Titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, atenta para a importância de sua biodiversidade.

Por Mayara Borges de Campos e Vitória Hidalgo Mantovani

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Figura 1. Representação da Bacia Amazônica.

Fonte: Igui Ecologia <https://www.iguiecologia.com>

A Bacia Amazônica possui cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados, ocupando, assim, 45% do Brasil e 60% da Europa e configurando-se como a maior bacia hidrográfica do mundo, já que também ocupa porções dos territórios do Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Bolívia. Sendo assim, seu desaparecimento implicaria consequências sem precedentes.

Domitila Pascoaloto, Doutora em Ciências e Pesquisadora Titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônica, destaca a importância de sua vasta biodiversidade: “Na Bacia Amazônica existe uma imensa biodiversidade de peixes e insetos - que estão relacionados à vegetação e essa não existiria sem a riqueza hídrica da região. Em sua floresta também existem muitos mamíferos, alguns típicos da região amazônica, que não sobreviveriam sem as florestas ou sem os recursos hídricos. Existem, também, muitas árvores”, afirma. A Região Amazônica conta com 40% da floresta tropical mundial e a maior diversidade de peixes, entre 1 800 e 3 000 espécies.

Além de ser o habitat natural de diversos biomas, a Bacia Amazônica também tem papel fundamental no que diz respeito ao abastecimento de cidades e sustento de muitas famílias ribeirinhas, que vivem da pesca nos diversos rios amazônicos, bem como possui um grande potencial para geração de energia elétrica, viabilidade para o transporte fluvial e agricultura. Ela também se destaca pelo turismo nas áreas de praias de água doce, comuns na região do Rio Amazonas, portanto é inegável a imensa importância que a Bacia Amazônica representa para o Brasil e até mesmo para o mundo, mas especialmente para o povo local.

A pesquisadora descarta a possibilidade de escassez hídrica abrangendo a bacia hidrográfica como um todo, levando em conta o volume de água existente nos Rios Amazônicos, mas alerta para a problemática: “isso [a escassez hídrica na região da Bacia Amazônica] implicaria na perda da floresta e total alteração do ciclo hidrológico. Supondo que isso acontecesse, o bioma deixaria de existir. A biodiversidade de um determinado grupo de seres vivos depende tanto das condições ambientais quanto do comportamento das outras espécies envolvidas em seu histórico de vida; mas não há dúvida de que todas as espécies dependem de água”, revela Domitila.

A Doutora ainda adverte sobre o desmatamento da floresta amazônica e sua relação com o ciclo hidrológico: “O desmatamento da floresta afeta a biodiversidade e pode afetar o clima, mesmo que seja o microclima naquela região em particular. Outro problema do desmatamento é a redução do aquífero, o que vai interferir no ciclo hidrológico, podendo comprometer a manutenção da floresta. Se um dia a floresta deixar de existir os rios secarão, ou, no mínimo, sua vazão diminuirá consideravelmente. Se a vazão do Rio Amazonas diminuir, ele deixará de ser uma barragem para a entrada do mar e esse invadirá toda a bacia sedimentar - a maioria dos municípios na Bacia Hidrológica Amazônica em território brasileiro tem cerca de 100 metros de altitude”, lamenta.

Para que consigamos conservar e preservar esse bem natural que nos é tão importante, o primeiro passo é a conscientização de governantes e pessoas sobre a importância da Bacia Hidrográfica Amazônica, quanto à floresta, aos seus recursos hídricos e ao clima mundial. Enquanto pensarmos apenas no que a Bacia Amazônica e sua floresta podem nos proporcionar, explorando e desgastando seus recursos naturais através do desmatamento desenfreado, queimadas e lucros que advém da mineração, exploração de petróleo, geração de energia e da agropecuária, corremos o sério risco de interferir no microclima da região e no ciclo hidrológico, diminuindo, assim, o volume da bacia hidrográfica.

Ainda de acordo com Domitila, na natureza, independentemente de se tratar de local urbanizado ou não, tudo está interligado: o clima, a vegetação, a água e a biota (vegetais, animais e todos os outros grupos de seres vivos) e, portanto, a conscientização é peça fundamental não só para a preservação de nossos bens naturais, mas também, para nossa sobrevivência. “Quando o ser humano não interfere, tudo tende a estar em equilíbrio. Essas ações somente podem ser limitadas por meio da população. Educação e conscientização ambiental são fundamentais, o resto, virá como consequência”, explica a pesquisadora.

Em alguns países como Brasil e Bolívia, a preservação das bacias é ensinada para os alunos através de pesquisas de campo, palestras no ensino médio e faculdades. Também há a existência de laboratórios móveis que visam os estudos da qualidade da água, ajudando na preservação. No Brasil, há ações preventivas, corretivas e estabelecimento de objetivos de longo prazo.

Ainda no Brasil, outra forma de garantirmos a preservação das bacias é através dos Comitês de Bacias Hidrográficas que, segundo Natallya Levino, Doutora em Engenharia de Produção e professora da Universidade Federal de Alagoas, são órgãos colegiados que contam justamente com a participação do poder público, dos usuários de água, das usinas e também da sociedade civil. “O comitê de bacias vai deliberar sobre o que vai acontecer com o dinheiro da cobrança do uso daquela bacia, se vai fazer proteção ambiental, se vai aumentar a fiscalização, se vai fazer campanhas de reflorestamento, etc. O comitê vai decidir o que ele vai fazer com os recursos provenientes da cobrança da utilização da bacia e também tem a etapa de verificar o que a bacia está precisando”, esclarece.

Já para Claudia Padovesi Fonseca, Doutora em Engenharia Ambiental, professora e especialista em limnologia, em relação a preservação das bacias, é necessário que consideremos, também, questões sociais: “As populações ribeirinhas precisam ser valorizadas, precisamos levar em conta suas necessidades para não causarmos situações de vulnerabilidade nessa população. A população ribeirinha, a população indígena e outras comunidades vivem de uma maneira sustentável, vivem em conexão com a natureza”. Claudia acrescenta: “Temos que considerar a preservação da bacia, conectando os valores sociais e econômicos dos ribeirinhos e indígenas com os valores ambientais, mediados por ações de controle e incentivo dos governos e empreendedores”.

Claudia acredita que a preservação da bacia pode ser feita através de uma governança efetiva contra queimadas e desmatamento, através do gerenciamento de reservatórios sobre princípios eco-hidrológicos e de engenharia ambiental, restaurando as áreas degradadas. “Se governo, população, ONGs e empresas trabalharem conjuntamente de maneira ecológica [selo verde], é possível garantirmos a preservação do local e a sustentabilidade da população”, conclui.

Diante de diversas alternativas como meios de preservação, não há mais justificativa para continuarmos degradando e destruindo esta grande fonte de vida – que é não somente a Bacia Amazônica, mas as demais bacias hidrográficas e natureza em geral. É importante que nos atentemos para a questão da conscientização, tanto de sua importância, quanto de sua necessidade de preservação. A Bacia Amazônica pode ser nossa salvação, ainda que nossos atos não a afete de imediato, a longo prazo colheremos os frutos.

Fontes de consulta/pesquisa:
https://www.iguiecologia.com/

Autores: Mayara Borges de Campos e Vitória Hidalgo Mantovani

 

 

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Last modified on Monday, 28 December 2020 10:07

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